Um Legado que Transcende Fronteiras
O mundo católico e além dele chora a partida do Papa Francisco, falecido nesta segunda-feira (21), às 7h35, na residência papal do Vaticano. Sua morte, anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, ocorre em um momento simbólico: um dia após a celebração da Páscoa, festa que marca a ressurreição de Cristo, tema central de seu ministério. Francisco, que enfrentava desafios respiratórios desde a juventude, deixa um legado marcado por reformas ousadas e posicionamentos que dividiram opiniões dentro e fora da Igreja.
Da Argentina ao Vaticano: A Jornada de Bergoglio
Nascido em Buenos Aires em 1936, filho de imigrantes italianos, Jorge Mario Bergoglio trilhou um caminho incomum. Antes de se tornar o primeiro papa latino-americano, trabalhou como técnico químico e até frequentou aulas de tango. Sua vocação religiosa floresceu aos 21 anos, quando ingressou na Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote em 1969, sua ascensão ao trono de Pedro em 2013 surpreendeu o mundo, marcando o início de um pontificado que combinou humildade franciscana com revoluções institucionais.
Crise de Saúde: Uma Batalha de Décadas
A saúde frágil sempre acompanhou Francisco. Em 1957, uma infecção pulmonar grave resultou na remoção parcial de seu pulmão direito – episódio que ele descreveu como “um aviso divino para valorizar cada respiro”. Em 2024, complicações se agravaram: internado no Hospital Gemelli por bronquite em fevereiro, desenvolveu pneumonia bilateral. Apesar dos esforços médicos, seu organismo, já debilitado, não resistiu. “Ele partiu em paz, cercado por orações”, afirmou Farrell em coletiva emocionada.
“Francisco não foi apenas um papa, mas um profeta moderno. Sua coragem em abordar temas tabu redefiniu o diálogo entre fé e sociedade.”
— Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo
Reformas e Polêmicas: O Pontificado em Destaque
- Inclusão LGBT+: Em 2023, autorizou bênçãos a casais homoafetivos via Fiducia Supplicans, medida histórica criticada por conservadores.
- Ecologia Integral: A encíclica Laudato Si’ (2015) tornou-se referência global no combate à crise climática.
- Transparência Financeira: Criou a Secretaria para a Economia em 2014, combatendo corrupção no Banco do Vaticano.
- Diálogo Inter-Religioso: Primeiro papa a visitar uma mesquita na Arábia Saudita (2022).
A Agenda Progressista e as Críticas
Seus posicionamentos renderam adjetivos como “comunista” e “woke”. Em entrevista ao America Media (2022), Francisco defendeu: “Se o Evangelho for lido como um chamado à igualdade, então Cristo foi o primeiro socialista”. Críticos, como o teólogo conservador Raymond Burke, acusaram-no de “diluir doutrinas”. Já ativistas elogiaram sua aproximação com movimentos sociais, como o Sínodo da Amazônia (2019), que destacou questões indígenas.
Preparativos Fúnebres: O Ritual Revisado
Ironia do destino: em abril de 2024, o próprio Francisco atualizou o cerimonial para funerais papais, simplificando protocolos medievais. Espera-se que seu velório ocorra na Basílica de São Pedro, com sepultamento nas Grutas Vaticanas. Detalhes ainda são sigilosos, mas fontes sugerem que seguirá seu estilo sóbrio: “Nada de ouro ou mármore. Quero um túmulo simples, como meu ministério”, teria dito em 2020.
Reações Globais
- ONU: António Guterres destacou seu “compromisso com os pobres”.
- Movimento LGBT+: Ativistas argentinos farão vigília em Buenos Aires.
- Comunidade Jesuíta: Declararam luto mundial de 30 dias.
O Que Fica Para a História
Francisco deixa uma Igreja em transição. Seu apoio a padres casados na Amazônia, a permissão para mulheres em cargos de liderança e o foco em “uma Igreja em saída” desafiaram séculos de tradição. Para o jornalista Austen Ivereigh, biógrafo do papa, “seu maior legado foi humanizar a instituição, mostrando que a fé não precisa temer a complexidade do mundo”.
Autor: Leandro Rodrigues | Fonte: Vatican News, Arquidiocese de São Paulo, Agência Reuters
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