Um estudo do Centro de Estudos do Cristianismo Global, ligado ao Seminário Teológico Gordon-Conwell (EUA), estima que os seguidores de Cristo superarão 3,3 bilhões até 2050. A análise, que cruzou dados populacionais com tendências religiosas, aponta a África Subsaariana, a América Latina e regiões da Ásia como epicentros dessa transformação, impulsionada por fertilidade elevada, renovações espirituais e métodos contextualizados de evangelismo.
O dinamismo é mais intenso em áreas com explosão demográfica e conversões recentes. Na África, onde o cristianismo avança 2,8% ao ano, igrejas adaptam ritos tradicionais a expressões culturais, como cerimôlias com percussão e danças étnicas, captando principalmente adolescentes. Na Ásia, países populosos como China e Índia registram avanços em comunidades rurais e metrópoles, muitas vezes através de redes clandestinas. Já na América Latina, templos transformam-se em centros de acolhimento em meio a crises. “Em zonas controladas por criminosos, a igreja oferece desde alimento até esperança”, descreve o documento.
O Brasil surge como caso emblemático: com 185 milhões de cristãos (86% da população), lidera iniciativas em periferias através de projetos educativos, recuperação de viciados e assistência carcerária. “Nossa fé se materializa em serviço”, destacou um líder entrevistado, em referência aos 45 casos de violência contra religiosos registrados em 2022.
Apesar do otimismo, o relatório alerta para desafios como perseguição na Coreia do Norte, secularismo na Europa e instabilidade política em nações africanas. Estratégias inovadoras, porém, estão revertendo cenários: traduções bíblicas em 3.500 idiomas, plataformas digitais de ensino e engajamento de jovens (60% dos novos fiéis têm menos de 30 anos) são algumas respostas.
Historicamente, o crescimento no Sul Global ganhou força no século XX, quando missões abandonaram modelos coloniais. Na África, o movimento Igrejas Independentes Africanas, iniciado nos anos 1950, integrou símbolos locais, resultando em saltos históricos: hoje, 43% dos cristãos do planeta vivem no continente, contra apenas 9% em 1900.
Leia também: Drone Russo Destrói Igreja em Kiev: Pastor e Filha Morrem, mas Fé da Comunidade Permanece InabalávelAs projeções indicam que, em 2050, 1 em cada 3 cristãos será africano, e a Ásia superará a Europa em número de adeptos. Para pesquisadores, a chave está na combinação entre juventude participativa e modelos pastorais flexíveis. “O cristianismo do futuro será diverso, menos institucional e mais conectado às raízes comunitárias”, conclui o estudo.